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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

DIA DECISIVO PARA O CASO BUSSCAR


Busscar
Linha de Produção está em atividade na Busscar, mas com uma quantidade ainda baixa de veículos. Desde outubro do ano passado, quando foi apresentado um plano de recuperação pela empresa, cerca de 250 ônibus foram feitos. A Busscar tinha previsto para este ano, 1,8 mil carrocerias. Nesta terça-feira, Assembléia Geral de Credores pode decidir a decretação ou não da falência de uma das mais tradicionais fabricantes do setor no Brasil. Foto: RBS.
Dia decisivo para o Caso Busscar
Assembleia de credores vai determinar se encarroçadora terá ou não a falência decretada pela Justiça
ADAMO BAZANI – CBN
Esta terça-feira, dia 07 de agosto de 2012, será um dia decisivo para o caso Busscar e também para a história dos transportes no Brasil.
Será realizada no Centreventos Cau Hense, a Assembléia Geral de Credores que vai analisar o último plano de recuperação da empresa que foi uma das maiores encarroçadoras de ônibus do País.
Se os credores rejeitarem as propostas, o juiz titular da 5ª Vara Cível, Maurício Cavalazzi Povoas, pode decretar a falência da fabricante de carrocerias.
Já é a terceira versão de um plano de recuperação da Busscar.
A decisão poderia ser tomada no dia 22 de maio, data da última assembleia, que foi suspensa pelo juiz por conta do tumulto na hora da votação e da apresentação de interessados pela compra da empresa. A suspensão serviu para dar mais uma oportunidade para a companhia.
A Busscar já acumula mais de 26 meses de salários e direitos trabalhistas atrasados. A empresa que tinha cerca de 5 mil funcionários tem agora aproximadamente 900 empregados, dos quais os operários que ainda são ligados à empresa recebem semanalmente pelos serviços que fazem.
Todos os cerca de 5 mil trabalhadores, entre os que se desligaram e os atuais, têm algo a receber da Busscar, mesmo que proporcionalmente ao tempo entre quando a Busscar deixou de pagar e suas datas de desligamento da companhia.
As dívidas da Busscar ultrapassam R$ 800 milhões, entre bancos, credores e fornecedores. Se somados débitos tributários, a Busscar deve cerca de R$ 1,3 bilhão.
As projeções de produção e receita da Busscar no novo plano de recuperação, protocolado na semana passada e que será votado a partir das 15 horas desta terça-feira, são basicamente as mesmas.
A Busscar prevê para este ano uma produção de 1,8 mil carrocerias com receita de R$ 335,6 milhões.
Mas as estimativas são contestadas. Em pleno mês de agosto, a encarroçcadora produziu apenas aproximadamente 250 carrocerias desde o início da recuperação judicial em outubro do ano passado. A Busscar diz que conta com um financiamento de exportações de ônibus para a Guatemala, que o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social liberaria. Mas não há data para o plano se tornar concreto.
O que mudou no plano foi em relação ao pagamento dos débitos trabalhistas. A empresa propõe pagar parte das dívidas com ações da companhia.
A proposta não foi bem recebida pelo Sindicato dos Mecânicos de Joinville, representante dos trabalhadores.
A entidade contesta o fato de as ações não serem bem vistas e não terem valor no mercado por conta da situação da Busscar.
Além disso, a forma de pagamento das ações também não teria agradado os sindicalistas.
Inicialmente, a Busscar propunha pagar as dívidas trabalhistas em até 36 meses, o que fere a Lei de Recuperação Judicial. Agora, a Busscar apresenta a possibilidade de pagar metade das dívidas num prazo de carência de seis meses e outra metade em forma de ações. O trabalhador pode revender as ações para a Busscar. Mas com isso, deixa de haver uma relação trabalhista, que passa a ser de mercado e aí, a Busscar terá os mesmos 36 meses para pagar os valores referentes às ações.
O Sindicato dos Mecânicos deve votar contra.
Está no processo uma Proposta de Modificação e Consolidação ao Plano assinada pelas credoras RR, Prata (dos tios de Cláudio Nielson, não tendo nenhuma relação com a Expresso de Prata) , Garytrans e Icomabra.
As empresas propõem a venda da Busscar em até 120 dias. Passado este prazo a Busscar iria para leilão de acordo com estas propostas.
Os débitos com os trabalhadores seriam pagos à vista, mas seriam mantidos os descontos previstos pela proposta oficial da Busscar.
Possíveis compradores interessados pela encarroçadora não faltam. Entre eles, o grupo chinês Shandong Heavy Machinery Group.
A família Nielson, fundadora e proprietária até hoje da Busscar, não quer vender a empresa inicialmente e diz que acredita na recuperação da encarroçadora.
A Asssembleia a ser comandada pelo administrador judicial, Rainoldo Uessler, deve ser mais organizada que a de 22 de maio, porém deve durar horas.
Isso porque até a decisão final haverá várias etapas a ser seguidas.
As deliberações já foram apresentadas em maio, mas a empresa e os credores (que são muitos) terão 15 minutos cada para se pronunciarem.
Dependendo das dúvidas e sugestões dos credores, a empresa pode se manifestar de novo.
A votação será por uma espécie de urna eletrônica, com as opções SIM e NÃO. O voto SIM aprova a Proposta da Busscar e o NÃO aprova a decretação da falência.
Haverá dois telões que darão o resultado, inclusive o parcial, em tempo real.
Pela quantidade de credores, o que deve incluir centenas de trabalhadores na Assembleia, só as votações devem durar mais de quatro horas.
As dificuldades na Busscar começaram em 2008. A empresa alega que sentiu a crise econômica mundial, que teve origem nos papéis imobiliários nos Estados Unidos e provocou restrição de créditos e financiamentos em todo o mundo.
Já os críticos da Busscar afirmam que a empresa foi mal administrada e que a crise de 2008 foi reflexo de uma crise anterior, entre 2001 e 2003, da qual a empresa não teria se recuperado plenamente e por isso sentiu mais fortemente as instabilidades econômicas mundiais.
Nesta terça-feira pode ser escrito capítulo final do Caso Busscar.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

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