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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

"Cidade não tem plano de mobilidade" - Diário de S. Paulo


Entrevista com o Secretário de Transportes de São Paulo, Marcelo Branco.
Fernando Granato
 Diário de S.Paulo  14.08.12
 
A Prefeitura não utilizou R$ 15 milhões previstos no Orçamento do ano passado para realização de estudos e debates necessários para a elaboração do Plano Municipal de Mobilidade e Transportes Sustentáveis, o que definiria as diretrizes de investimentos no setor.
 
“A Prefeitura entende que o Pitu (Programa Integrado de Transportes Urbanos), feito pelo governo estadual, já cumpre com esse papel”, disse o promotor de Habitação e Urbanismo da capital, Mauricio Antonio Ribeiro Lopes. “Eu não entendo dessa forma”, continuou.
 
O Ministério Público, então, recomendou a elaboração do plano, mas foi ignorado pela gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD).
 
A necessidade de o município ter  um Plano Municipal de Mobilidade foi levantada pela ONG Nossa São Paulo, que fez um documento com propostas a serem discutidas.
 
“Hoje, 70% do espaço público é ocupado por automóveis e isso representa uma inversão de valores”, afirmou Marco Nordi, coordenador do grupo de trabalho de mobilidade da ONG.

Entrevista com Marcelo Branco, secretário de Transportes

DIÁRIO - Qual o balanço dessa gestão na área de transportes públicos?
 
MARCELO BRANCO -  Acho que é absolutamente fundamental a Prefeitura ter voltado a investir no Metrô. Não foi só o investimento financeiro, que foi muito significativo. Foi R$ 1 bilhão e espera-se  investir mais R$ 1 bilhão até dezembro.
A medida em que a Prefeitura pega R$ 2 bilhões do seu orçamento e investe no Metrô, ela não está tirando dinheiro que poderia ser usado no transporte por ônibus, que é da alçada municipal?
 
Ou nós conseguimos perseguir junto com o governo estadual essa meta de ter um transporte adequado sobre trilhos ou não vamos conseguir avançar. Não é só o investimento financeiro. É a parceria nos projetos. Várias linhas foram definidas pelo Metrô em parceria, por necessidades levantadas pela Prefeitura. O maior legado que vamos deixar é a junção de esforços com o governo do estado para resolver o problema do transporte público na capital paulista.
 
Com isso não se esqueceu um pouco do ônibus? A meta de construir 66 quilômetros de corredores exclusivos não foi atendida.
 
Pelo contrário. O mais tranquilo teria sido tocar o projeto dos 66 quilômetros de corredores sem olhar para o conjunto. Era pegar e realizar. Fazer licitação e colocar o dinheiro. Muito mais do que isso, juntamos os projetos. Seria pouco legítimo a gente fazer um projeto menor só para cumprir uma meta. A meta será cumprida com uma capacidade maior. É uma questão de administrar para a sociedade e não para fazer uma foto bonita. Houve uma intenção efetiva em resolver as questões e não de simplesmente cumprir uma meta. O legado que fica para o próximo governo é muito maior do que se deixarmos prontos os 66 quilômetros de vias exclusivas de ônibus. Vamos deixar uma estrutura de transportes muito mais consolidada.
 
Na verdade, vocês mudaram um rumo que vinha sendo adotada pela Prefeitura nas gestões anteriores, de priorizar o transporte por ônibus?
 
É. Eu de nenhuma forma falo mal de corredores de ônibus, tanto que estamos implantando mais de cem quilômetros de faixas exclusivas à direita. Não estou desqualificando. É legitimo fazer essa aplicação de recursos, mas optou-se nesta gestão a pensar também no longo prazo. Não é fazendo os 15 mil ônibus circularem melhor que você vai resolver definitivamente, de forma estrutural, a questão da mobilidade e da circulação na cidade de São Paulo. É com o Metrô, é com a CPTM e com alta capacidade, com monotrilho. Por isso que eu digo que é uma opção corajosa colocar dinheiro  em uma coisa que não é você quem vai inaugurar, pensando em uma estrutura muito mais sólida para a cidade.
 
Especialistas ouvidos pelo DIÁRIO  disseram que medidas muito simples, como instalar semáforos com sistemas que detectem a presença dos ônibus ou simplesmente deixá-los ultrapassar no corredor ajudariam muito a melhorar a velocidade dos corredores.
 
Estamos fazendo todas as medidas que priorizam o ônibus. A maioria das vezes que temos um corredor de ônibus, temos também ônibus nas transversais. Então, essa priorização semafórica nem sempre é possível. Na questão da ultrapassagem, existem lugares onde não é possível fazer isso. Quando se imagina uma ultrapassagem dessa, você mata uma faixa inteira. Não podemos esquecer que nós temos cinco milhões de veículos circulando  pelas vias da cidade e não podemos deixar isso de lado.
O que ficou faltando para a próxima gestão, seja ela qual for, fazer?
 
Muita coisa tem de avançar. Isso é natural. Se estamos falando aqui de uma solução mais estruturada, que demora mais tempo para ser implantada, é natural que eu acredite que os próximos governos devem continuar nessa linha. A Prefeitura tem de continuar apoiando o Metrô. É fundamental que continue havendo essa integração institucional da Prefeitura com o governo do estado. Não se pode romper um esforço que hoje  estamos colhendo os primeiros frutos de ter um projeto único para a cidade de São Paulo, cada um com seu papel. Não pode voltar a ter dois projetos independentes.

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