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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Julio Lopes (RJ) justifica importação da China


O secretário de Transportes do Rio, Julio Lopes, rebateu ontem, dia 6, as críticas da indústria ferroviária à importação, pelo governo do estado, de 60 trens chineses destinados a Supervia: “não é verdade que a entrega dos trens esteja atrasada; não é verdade que a preferência tarifária na importação garanta a encomenda para a indústria nacional, e não admito dizerem que o resultado da concorrência já era conhecido antes”.


O secretário falou na abertura do IX Seminário Nacional Metroferroviário, organizado no Rio de Janeiro pela Associação Nacional de Transporte Público – ANTP. Antes dele falou o vice-presidente do Simefre, e diretor da Alstom, Fernando Ferrari: “pleiteamos ao governo do Rio isonomia fiscal com a China e não fomos atendidos; se fôssemos ouvidos, 15% do nosso custo teria sido eliminado e ficaríamos em melhores condições para competir”. Ressaltou que falava não em nome da indústria paulista – os dois concorrentes nacionais, Alstom e CAF, ficam em São Paulo – mas do interesse nacional, e concluiu sugerindo que se a situação não mudar a indústria ferroviária nacional corre o risco de desaparecer.


Esta não é a primeira vez que o Brasil perde uma encomenda importante. Desde que o Rio voltou a comprar trens, os fornecedores asiáticos venceram todas as licitações , sempre com oferta de trens prontos para rodar. A própria SuperVia já comprou 20 trens da Hunday-Rotem coreana e 34 trens da mesma CNR. O MetrôRio também comprou 19 trens de seis carros do fabricante chinês, sempre em função de preços mais baixos, sem isonomia tarifária para a indústria nacional.


“Nada de pedrada”, advertiu o secretário Julio Lopes no início de sua fala, dirigindo-se aos representantes da indústria. Ele foi, no entant,o bem agressivo. Havia pouco antes falado com o governador Sergio Cabral ao telefone e parecia muito irritado. “A prioridade da indústria ferroviária é uma, e a do governo do estado é outra. Nosso foco é atender a população da melhor forma e o mais rapidamente possível”. Em seguida referiu-se à crítica da indústria de que haveria grandes atrasos na entrega dos trens chineses: “não há atraso nenhum nos trens que o governo comprou para a Supervia. O atraso que existe é nos trens comprados pelo Metrô privado”. Concluiu lembrando que a economia gerada pela compra na China vai permitir ao governo comprar mais trens. Fontes do mercado calculam a compra adicional de entre 10 e 11 trens de quatro carros.


O Metrô do Rio está com um atraso de dois anos na entrega dos trens comprados, sempre da CNR, pela administração anterior. Há divergência sobre a origem do atraso, já que o Metrô alterou o projeto quando já estava em produção.


“O que existe de atraso na encomenda para a Supervia – admitiu – são seis meses, mas por conta de dificuldades na entrada em eficácia do contrato de financiamento do Banco Mundial, que não tem nenhuma relação com os fabricantes”. Mencionou também um pequeno atraso na liberação dos trens que já chegaram ao Brasil por conta de problemas de visto para os técnicos chineses, “mas que já foram resolvidos pelo governador Sérgio Cabral”. A equipe chinesa que chegou com o primeiro trem , há dois meses, teve que voltar depois da expiração do seu visto de turista, que só dura 30 dias. A solução foi buscar vistos de trabalho, mas pelas normas federais, a empresa que precisa de mão de obra estrangeira – no caso a Central Logística, empresa do estado importadora dos trens – deve abrir 30 vagas de emprego para nacionais a cada visto de solicitado. Foi esta a norma que o governador do Rio contornou. O secretário informou que nos últimos 10 dias chegou ao Brasil uma nova equipe de 14 técnicos chineses, já com o visto de trabalho.


O presidente da Abifer, Vicente Abate, também protestou contra a importação, dizendo que “o resultado da concorrência, já esperado por todos, inclusive por nós, foi enaltecido pelo governo deste Estado como se a China, ingenuamente, fosse a salvadora do mundo, ao propor preços fora da realidade do mercado, porém com prazos de entrega que não se cumprem a qualidade ainda a ser posta à prova, já que não existe hoje, após dois anos de atraso, massa crítica para tal comprovação. Tal enaltecimento – continuou – é um acinte a todos os brasileiros, pois a decisão transfere emprego e renda aos chineses, seja de São Paulo, do Rio de Janeiro ou do Ceará”.


Uma nota conciliadora foi do presidente da Supervia, Carlos José Cunha, que manifestou claramente a preferência da empresa por equipamento nacional, devido à proximidade dos fabricantes e garantia de pronta solução para eventuais problemas técnicos. A empresa teve nos dois últimos anos problemas graves com as caixas de engrenagens (caixas Flender) dos trens coreanos, que tiveram que ser todas substituídas, e com um projeto novo feito pela própria Supervia. A expectativa, segundo fontes da empresa, é que agora, com uma frota crescente no Brasil, a CNR faça um acordo para manutenção dos trens com uma empresa brasileira. A Supervia deve comprar proximamente mais 30 trens, dessa vez com recursos próprios.


Revista Ferroviária – 07/03/2012

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