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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Paulistano gasta quase três horas no trânsito


Por Juan Garrido | Para o Valor, de São Paulo

Não é lenda urbana: em 1933, com 888 mil habitantes, a cidade de São Paulo contava com uma rede de bondes de 258 quilômetros de extensão, três vezes maior que a da atual rede de metrô. O fato histórico é lembrado pela arquiteta Raquel Rolnik, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), em recente trabalho acadêmico. “O sistema de bondes naquela época era responsável por 84% das viagens em modo coletivo, realizando aproximadamente 1,2 milhão de viagens/dia”, diz. Porém logo em seguida, os bondes deram lugar aos ônibus e automóveis, que se multiplicaram rapidamente.

Hoje os paulistanos perdem 27 dias por ano, em média, presos em congestionamentos. O tempo médio gasto para realizar todos os deslocamentos diários é de 2 horas e 42 minutos.

Ao longo da última década a média diária é de 118 km de vias apinhadas nos horários de pico. Segundo Horácio Figueira, especialista em trânsito, a única saída é investir pesado nos corredores exclusivos de ônibus. Ele sustenta que não existe mais solução possível para a fluidez do transporte individual em São Paulo, uma vez que a frota de carros já é de 7 milhões e as previsões são de 8 milhões de carros em 2016; 9 milhões em 2020; e 10 milhões em 2024. “Hoje, com mais de 11 milhões de habitantes, a cidade precisaria ter no mínimo 300 km de corredores de ônibus, extensão próxima à da rede de bondes dos anos 30, quando a população era 12 vezes menor”, defende, acrescentando que o ônibus é o complemento natural das viagens feitas pelos modais metrô e trem metropolitano.

O consultor acha que o modelo ideal de corredores comportaria não mais que meia dúzia de linhas-tronco de ônibus em um trajeto “terminal a terminal”, com intervalo de saídas de um minuto. “No terminal o usuário faria a transferência para a linha de menor demanda que fosse de seu interesse”, diz.

Segundo Jurandir Fernandes, secretário estadual de Transportes Metropolitanos, além das soluções em curso, que farão com que as linhas de metrô em operação saltem do atual patamar de 74,3 quilômetros de extensão (com 4,1 milhões de passageiros/dia transportados na média) para 101,3 quilômetros em 2014 (com 7,3 milhões de passageiros/dia), o Metrô de São Paulo deixará como legado para a segunda metade da década outros 90 km de linhas de metrô e monotrilho em construção.

Estão em andamento obras em quatro linhas: 2-verde, a 4-amarela, a 5-lilás e a 17-ouro. “Duas delas em monotrilho e duas em metrô subterrâneo”, diz. Segundo garantiu, até 2014 serão entregues mais nove km da linha amarela; mais oito km da ouro (monotrilho que fará a ligação do Aeroporto de Congonhas com a rede metroviária); um km da lilás (estimativa conservadora); 12 km da verde; mais 4,5 km de trem da esmeralda da CPTM, até Varginha; e outros 6,3 km de trem da linha diamante.

Fernandes lembra, ainda, que com a implantação nos últimos anos do Bilhete Único que permite a integração temporal entre ônibus, micro-ônibus, metrô e trens da CPTM ao custo de uma tarifa transformou o hábito dos passageiros. “Ao facilitar o acesso aos sistemas públicos de transporte, o cartão inteligente gerou como efeito colateral a explosão de demanda no Metrô.”

O fato de a Federação Internacional de Futebol (Fifa) ter sacramentado o Itaquerão, na zona leste da cidade, como estádio de abertura da Copa, não tira o sono de Fernandes quanto ao acesso do público ao local. “Olha, a pessoa vai ter que ser muito teimosa para querer ir de carro ao Itaquerão.” Segundo o secretário, a linha de metrô que vai para a zona leste tem hoje capacidade para transportar entre 60 mil a 65 mil passageiros/hora/sentido.

Antes da Copa a linha vai adquirir capacidade de levar de 70 mil a 80 mil passageiros/hora/sentido com a introdução da nova sinalização que vai diminuir o intervalo entre composições. A isso se soma a capacidade de 60 mil passageiros/hora/sentido dos trens da CPTM que servem a região. São, portanto, 130 mil passageiros/hora/sentido, sendo que a capacidade do estádio Itaquerão será de 65 mil pessoas.

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