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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Jornalismo precário

Seguem dois textos, um do editorial do jornal "O Estado de São Paulo" do dia 31 de outubro último e outro do João Valente, técnico do setor sobre as rodovias brasileiras.  

Rodovias precárias


O Estado de S.Paulo
A Pesquisa CNT de Rodovias 2011, desenvolvida entre 27 de junho e 4 de agosto e divulgada quarta-feira passada, mostra que 57,4% das estradas de rodagem do País têm deficiências e 26,9% estão em situação crítica. São números menos ruins do que os da metade da década passada, quando mais de 70% das rodovias tinham deficiências. Mas, recentemente, tem havido aumento do número de acidentes e de mortos e feridos nas estradas.

Além disso, segundo os especialistas da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o custo econômico dos acidentes chegou a R$ 14,1 bilhões, em 2010, superando os investimentos do governo federal na área rodoviária, de R$ 9,85 bilhões. O número de pontos críticos das estradas passou de 109, na Pesquisa CNT de 2010, para 219, no levantamento deste ano.
É a 15.ª pesquisa da CNT sobre o mesmo assunto, abrangendo, neste ano, 92.747 km de estradas pavimentadas - 100% das rodovias federais, principais rodovias estaduais e estradas concedidas à iniciativa privada.

As discrepâncias entre a conservação das estradas sob a responsabilidade do governo e do setor privado são enormes: nos 15.374 km de vias sob concessão, 48% são ótimos; 38,9%, bons; 12%, regulares; e apenas 1,1%, ruins - nenhuma foi considerada péssima. Já nos 77.373 km de rodovias sob gestão pública, apenas 5,6% foram considerados ótimos; 28,2%, bons; e 34,2%, regulares. As ruins chegam a 21,5% e as péssimas, a 10,5%.

As deficiências analisadas no levantamento são de pavimento, sinalização e geometria viárias. Veículos pesados, que representavam 32% da frota de caminhões, em 2009, o dobro dos 16% de uma década atrás, transportam com frequência mais tonelagem do que a permitida. Estão entre os grandes responsáveis pelo desgaste prematuro das vias, pois a fiscalização é deficiente ou inexistente. Isso aumenta a insegurança e os custos de transporte rodoviário de todos os usuários, de veículos de passeio a ônibus ou micro-ônibus, que proporcionam o deslocamento de trabalhadores para as empresas e de escolares, ou dos que transportam cargas leves.

A sinalização é outro aspecto crítico: placas, painéis e marcas no pavimento são essenciais para a segurança do tráfego, mas são, frequentemente, malconservados, objeto de vandalismo ou de puro desinteresse dos órgãos responsáveis pela fiscalização das estradas.

É criminoso o descaso com placas de intersecção, por exemplo, que indicam cruzamentos e entroncamentos. Apenas 16,6% das estradas têm ótima sinalização, enquanto em 28,2% ela é ruim ou péssima. A geometria só é ótima ou boa em 23,2% das vias, sendo ruim ou péssima em 49,5% das estradas. As deficiências na construção tornam-se ainda mais graves numa malha rodoviária pavimentada constituída por 88,3% de pistas simples de mão dupla, e 42,1% não têm acostamento.
O resultado é que em quatro rodovias federais, BR-381 (MG), BR-101 (ES), BR-470 (SC) e BR-101 (SC), registraram-se, em 2010, 4.794 acidentes com feridos, e 328 acidentes com mortos.

O levantamento de 2011 da CNT reforça evidências conhecidas, indicando que, em média, as rodovias das Regiões Sudeste e Sul são as que apresentam melhores condições. Já nas estradas do Nordeste, mais de 30% são ruins e, nas do Centro-Oeste, as rodovias ruins e péssimas passam dos 35%. Nada se iguala, porém, à situação deplorável das rodovias da Região Norte, onde apenas 0,8% é ótimo e 12,7%, bom, enquanto as ruins atingem 31,8% e as péssimas, 23,2%.

Ante a carência de investimentos no transporte ferroviário e fluvial, a única alternativa para a maioria dos transportadores são as rodovias, que respondem por cerca de 60% dos transportes de carga no País.

Os agentes econômicos, em resumo, estão à mercê da política rodoviária federal, que ignora o êxito das concessões de estradas à iniciativa privada, bem-sucedidas em São Paulo, permitindo até a redução do valor dos pedágios, como ocorreu na Rodovia Ayrton Senna.

Pesquisa CNT 2011 mostra que é boa a situação das rodovias brasileiras

b) Velocidade em função do pavimento da pista de rolamento
De acordo com essa pesquisa, 96,8% do pavimento pesquisado não obriga à redução de velocidade pelos motoristas, o que representa aproximadamente 89,9 mil Km de rodovias brasileiras, que não afetam a regularidade e suavidade da condução dos veículos. Vejam o gráfico abaixo:

C) Pavimento dos acostamentos

Segundo a pesquisa, 88,5% dos acostamentos existentes nas estradas brasileiras foram considerados ótimos por apresentarem o acostamento pavimentado e perfeito.
Ela mostra, também, que 0,8% dos acostamentos foram considerados perfeitos, ainda que sem pavimentação.

Apenas 10,7% não apresentavam condição de uso com segurança, devido a buracos, fissuras, presença de mato e desnível acentuado em relação à rodovia.
d) Sinalização – faixas centrais
Segundo a pesquisa, 67,4% das faixas centrais das rodovias estão com as pinturas visíveis e, em condições de separar o tráfego e regulamentar ultrapassagens.
Entretanto, outros 25,2% apresentavam faixas com a pintura desgastada e 7,4% inexistente, como aponta o gráfico abaixo.

e) Sinalização – placas de limites de velocidade
Em 72,2% da extensão de rodovias avaliadas, há a presença de placas de limite de velocidade, o que equivale a 67 mil Km em um total de 92,7 mil Km, conforme gráfico abaixo.
Esse item, aliado ao relativo às faixas centrais, é fundamental para aumentar a segurança da condução rodoviária, o que não ocorre como esperado por se tratarem dos itens que mais são violados pelos motoristas, acarretando acidentes que resultam em feridos graves e mortos.
f) Sinalização – visibilidade das placas
A pesquisa constatou que 82,1% das placas são visíveis pelos condutores dos veículos, com a inexistência de mato cobrindo as placas e 9,3% apresentavam algum mato cobrindo mas não totalmente, conforme gráfico abaixo.

g) Sinalização – legibilidade das placas
De acordo com a CNT, 67,4% das placas estavam totalmente legíveis e em 30,5% se conseguia identificar o pictograma, embora esse elemento já se encontrasse desgastado, conforme gráfico abaixo.

Conclusão
Mais de 2/3 da malha pesquisada é composta de rodovias de regular ou baixo volume de tráfego. Naturalmente, essas rodovias recebem menos recursos regulares para restauração, manutenção e sinalização.

Considerando isso, a avaliação da CNT, em 2011, constata que estão em boas condições de trafegabilidade e conforto, as principais rodovias do país, por onde trafegam mais de 80% das cargas rodoviárias, passageiros de ônibus e veículos particulares.

Essas condições satisfatórias deveriam garantir maior segurança, com redução acelerada de acidentes e mortalidade nas estradas.

Entretanto, como já escrevi em artigo anterior, quanto melhores as rodovias, mais perigosas se tornam, por conta do excesso de velocidade, da imprudência sistemática e cultural dos motoristas brasileiros, aliados ao reduzido nível de penalização das infrações na malha rodoviária.
Finalmente, cabe ressaltar que a CNT não avalia rodovias mas sim ligações rodoviárias, muitas vezes juntando rodovias federais com estaduais.

Além disso, não informa os respectivos volumes de tráfego dessas ligações, o que permitiria estabelecer correlação entre a logística real e a situação da infraestrutura.
Quem sabe, no futuro, essa abordagem essencial não venha a ser agregada à metodologia da pesquisa CNT? Fica aí a sugestão.

José Augusto Valente – Diretor Executivo da Agência T1

COMENTÁRIO SETORIAL

Conforme se nota nos dois textos, o editorial do jornal "O Estado de São Paulo" não condiz com a verdade. São várias as falácias do texto. Primeiro ao dizer que a política do governo federal é rodoviarista. O jornalista não leu o Plano Nacional de Logística e Transportes que prevê o aumento do transporte ferroviário e hidroviário no modal brasileiro.

A construção das ferrovias Norte-Sul, que vai ligar Belém ao Rio Grande do Sul, da Transnordestina, da Ferrovia de Integração Oeste Leste - FIOL, da Ferrovia de Integração do Centro Oeste - FICO, do Ferroanel em São Paulo, do investimento de R$ 650 milhões na Hidrovia Tietê-Paraná em São Paulo, entre outras ações provam que o jornal está errado.

O comentário sobre o aumento do número de mortes nas rodovias, o editorialista deveria ter levantado que nas rodovias paulistas também houve aumento de mortes na Anhanguera e na Bandeirantes e não tem nada a ver com piora da estrada. À medida que as rodovias melhoram os acidentes aumentam e são mais graves por causa da velocidade maior dos veículos.

A Afirmação de que o modelo de concessão paulista deu certo, só se for para a melhora das finanças dos jornais, pois essas concessionárias, apesar de não precisar, gastam verdadeiras fortunas com publicidade, que ficam com os donos das mídias.

Quanto ao povo paulista é vítima de um modelo que cobra um dos pedágios mais caros do mundo. Rodovias dos Estados Unidos tem pedágios mais baratos do que em São Paulo. O modoelo rodoviarista do governo paulista, em que 93% das cargas são por via rodoviária, faz com que o povo pague esses pedágios nos produtos que consome.   Ademais, o governo paulistas concedeu as melhores rodovias, principalmente em termos de geometria á iniciativa privada.

Dessa forma o texto do editorial do Jornal "O Estado de São Paulo" não condiz com a verdade e age sempre para tentar passar á população brasileira a ideologia do privado. Nos Estados Unidos as concessionárias são públicas, assim como na Itália. E em São Paulo há várias rodovias como a SP-425, SP-413 em estado latismável, isso o jornal não toca . Prefere apenas colocar toda a culpa no governo federal. É o que o jornalista Caco Barcelos chamou de jornalismo militante.

Que a infraestrutura brasileira precisa de investimentos isso não é segredo para ninguém, afinal ficamos 25 anos atolados na dívida externa e na teologia neoliberal que impediram os investimentos. O Brasil está melhorando isso para quem anda pelo país pode observar. O descaso com a verdade como faz a imprensa brasileira gera aumento de desinformados e preconceituosos. Isso é muito grave.

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