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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ranking da competitividade: porque na pesquisa da CNT notas das rodovias serão sempre baixas


Para a pesquisa da CNT, todas as rodovias, sem exceção, deveriam ser assim!

O ranking global de competitividade do Fórum Econômico Mundial - documento que subsidia a reunião anual dos líderes globais em Davos – traz algumas incongruências em sua avaliação sobre a malha viária brasileira. José Augusto Valente, especialista em Logística e Transporte, diretor executivo da Agência T1, ressalta, por exemplo os critérios usados nas notas da pesquisa da CNT que avalia como “bom” apenas a pontuação acima de 81.

Valente explica que a nota final de cada ligação rodoviária é a média das notas relativas à Pavimentação, Sinalização e Geometria. “Se a ligação rodoviária tiver nota 100 na pavimentação e 100 na sinalização, mas 40 na geometria, por estar em região montanhosa, terá uma média 80 e será considerada regular, o que seria considerado muito bom em qualquer país”, conclui Valente.

“Como os índice de Geometria serão sempre baixos (leia mais neste blog), a nota final da grande maioria das ligações rodoviárias estará sempre abaixo de 81. O que levará a CNT e à imprensa a informar que a malha rodoviária nacional está reprovada”, raciocina o especialista.

Corrente de comércio exterior duplicou

Por fim, o consultor ressalta que a CNT não avalia rodovias, mas as ligações rodoviárias, juntando rodovias federais com estaduais e rodovias com alto volume de tráfego com outras de baixíssimo volume. O que não traz nenhuma consequência prática para os gestores das malhas federal e estadual.

Segundo Valente, o estudo do Fórum tem de explicar a seguinte contradição: a corrente de comércio exterior quase quadriplicou, passando de cerca de US$ 100 bilhões em 2002 para US$ 355 bilhões em 2010. A quantidade de contêineres (cargas de maior valor agregado) aumentou 2,25 vezes, passando de dois milhões, em 2002, para 4,5 milhões, em 2010.

Em 2010, explica o consultor, o Brasil teve o melhor desempenho, no comércio exterior, entre todos os países, incluindo a China. Em relação a 2009, as exportações cresceram 38%, enquanto as importações cresceram 34%. A China teve crescimento de 25% e 30%, respectivamente.

Afinal, o que dizem os números?

“Esses números sustentam a tese de que o Brasil perdeu posições em competitividade, como diz o Fórum? Que as rodovias, ferrovias e portos estão em situação precária? Qual é a racionalidade dessa informação, que colide de frente com os fatos?”, questiona Valente.

Publicado no Blog do Zé Dirceu, em 13-Set-2011

Malha Rodoviária, a vilã da vez (será mesmo?)


Enviada em 14 de setembro de 2011imprimir - enviar para um amigo Muito tem se falado sobre o fato de o Brasil ter sofrido uma queda de 20 posições no item de infraestrutura que faz parte do ranking global de competitividade do Fórum Econômico Mundial. O documento que subsidia a reunião anual dos líderes globais em Davos indica a piora na qualidade e aponta como a vilã da vez a nossa malha rodoviária.

Para o especialista em Logística e Transporte, José Augusto Valente, também diretor executivo da Agência T1, no entanto, é importante ter-se em mente que a fonte que embasa a opinião sobre as rodovias brasileiras é um release replicado ‘ad nauseum’ da pesquisa rodoviária da Confederação Nacional de Transportes (CNT).

O release, explica Valente, diz que a malha rodoviária nacional está ruim, no entanto os próprios números da pesquisa da CNT mostram o contrário. “Ninguém se dá ao trabalho de ver o que diz a pesquisa e se contenta com o release”, lamenta o consultor. Para ele, o país está longe de do apagão logístico apregoado repetidamente pela imprensa.

“Apagão logístico” em cheque

Valente ressalta que na pesquisa da CNT de 2010, dos 91.000 km de rodovias avaliadas pela entidade, 95,9% (87.269 km) do seu total não apresentam buracos, “sendo que quase metade delas apresenta pavimento totalmente perfeito”. Soma-se a isso o fato de o país contar com 97% de rodovias que permitem manter a velocidade operacional dos veículos, especialmente dos caminhões.

O consultor também desmistifica a crença de que os acostamentos das rodovias brasileiras estão um lixo, citando outra informação da pesquisa CNT. “Quanto ao pavimento do acostamento, 87,9% estão perfeitos e oferecem condições de segurança excelentes”, conclui.

E acrescenta: “Com base em informações de volume de tráfego de caminhões - mais de 80% da carga que circula pelas rodovias brasileiras o fazem em estradas com boas condições de tráfego, segurança e conforto”, aponta o consultor.

Métodos difusos

Segundo Valente, embora a pesquisa rodoviária da CNT seja um importante instrumento de avaliação de campo das condições das rodovias, nem a CNT, nem a imprensa se utilizam dessas informações para passar à sociedade “um juízo técnico-científico adequado para soluções futuras viáveis, do ponto de vista técnico e econômico”.

O especialista ressalta que a pesquisa da CNT traz contribuições importantíssimas, relativas aos itens Pavimentação e Sinalização. No entanto, o item Geometria deve ser desconsiderado (leia mais neste blog). Em relação à avaliação da geometria das vias, por exemplo, o método utilizado pela CNT está fora dos padrões internacionais, aponta o consultor. “O método internacionalmente utilizado tem como fonte o HCM – Highway Capacity Manual e trabalha com níveis de serviço de tráfego e do relevo”.

Valente explica que rodovias em terreno ondulado e montanhoso têm, necessariamente, no mundo todo, restrições geométricas. Mas, o método de avaliação da CNT para o item Geometria parte do princípio de que todas as rodovias, sem exceção, devam ter, no mínimo, duas pistas, com mão única em cada uma delas, além de canteiro central largo.

“Por esse critério - exclusivo da CNT - todas as rodovias em terreno fortemente ondulado e montanhoso deveriam ser similares à rodovia Imigrantes, com uma sucessão de túneis e viadutos, mesmo que o volume de tráfego não compense o elevado custo de uma rodovia desse tipo”. Ele explica que nenhum país do mundo utiliza esse critério. Em qualquer país, estradas em regiões montanhosas têm restrição de geometria”, conclui.

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