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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Minhas reflexões sobre a semana Metroferroviária


Aconteceu em São Paulo no período de 13 a 16 de setembro a 18ª Semana Metroferroviária, organizada pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô – AEAMESP.

O evento ocorreu no centro de convenção Frei Caneca e contou com ampla participação de empresários, funcionários do Metrô, da CPTM, sindicalistas e profissionais do ramo de transportes.

Participei pela primeira vez e já na abertura pude constatar a sintonia entre o governo estadual e os organizadores. Um evento feito de tucano para tucano.

Na abertura o presidente da AEAMESP disse que no plano federal na área dos transportes ferroviários, o cenário era obscuro, por conta da troca que no Ministério dos Transportes, Dnit e Valec, como se isso fosse afetar a construção dos 5.000 quilômetros de ferrovias em ação e o projeto de mais 10.000 que estão sendo providenciados. Exaltou o governo paulista, não dizendo do atraso na implantação das linhas metroviárias como a 4- Amarela e a 5 – Lilás.

O presidente do Metrô disse que a política de transportes do governo federal de baixar o IPI para os automóveis, tinha sobrecarregado as vias urbanas de São Paulo. Verdade nisso tudo, só que as vias de São Paulo estão carregadas.

Mas a política de baixar IPI para carros novos feita pelo governo federal foi uma política econômica e não de transportes, coisa que talvez por ser advogado e não economista fez que o presidente do Metrô se confundisse.

Por paradoxal que possa parecer não é o excesso de vendas de carros que transformou em caos o trânsito paulista, mas a inexistência de uma rede de transportes públicos com qualidade em São Paulo.

Falta uma rede capilar de metrô com mais de 200 quilômetros de extensão, visto que atualmente ela só tem 74 quilômetros. Corredores de ônibus com veículos modernos também poderia ajudar.

Mas os governos estadual e municipal não fizeram a lição de casa.

Ou então teríamos de fechar as fábricas de automóveis do país e do mundo para que o trânsito em São Paulo não piore. Em cidades com redes amplas de metrô, VLT, BRT como Nova Iorque, Paris e Londres, a população possui carro, que fica na garagem, pois é mais barato usar o transporte público.

O objetivo do governo federal foi manter a produção, a renda e o emprego dos brasileiros, com êxito. E o não foi apenas o IPI dos automóveis sofreu queda, mas de uma série de produtos. O mundo estava passando por uma recessão e esses foram os instrumentos utilizados de política econômica.

Também percebi que críticas causam um grande desconforto no evento, pois ao fazer algumas perguntas houve um certo rebuliço por parte de alguns presentes. É bem capaz que no próximo não abram para quem não seja associado.

O nível das palestras foi muito bom, os temas e os profissionais escolhidos foram bem selecionados. Se aprende bastante com os palestrantes. Houve uma excelente com o Paulo Saldiva sobre os impactos da poluição oriunda dos veículos na mortalidade em São Paulo e sobre sistemas de controle de trens.

O fato do governo federal ter se apresentado no evento com um plano de investimentos de R$ 18 bilhões para a mobilidade urbana causou um mal-estar em alguns presentes. Os tucanos sempre disseram que o governo federal não coloca dinheiro no metrô. O que não é verdade pois ele deu o aval para que o governo estadual pudesse fazer R$11 bilhões de empréstimos no BNDES, Caixa Econômica, BIRD, BID e JBIC. Nunca antes da história paulista.

E depois de 40 anos sem fazer investimento no Metrô paulista, o governo federal vai aportar recursos na extensão da linha 2 – Verde e na linha 18 que vai ligar o ABC com a rede metroferroviária, através da construção de um monotrilho.

Se percebe também no evento que o corpo técnico do Metrô está envelhecido. O governo do Estado precisa ter uma política de excelência técnica para atrair jovens para as áreas técnicas que substituirão os profissionais que com muita competência implantaram o metrô paulistano. E ainda alguns estão indo para a iniciativa privada como a Via Quatro.

A AEAMESP está de parabéns pela forma impecável com que organizou o evento.

O grand finale foi com o secretário Jurandir Fernades que apresentou os projetos metroferroviários que esperamos sejam de fato construídos. A cidade de São Paulo e a região metropolitana não agüentam mais esperar que os projetos saiam do papel.

Achei que valeu a pena ter participado da 18ª Semana Metroferroviária, apesar de me sentir um estranho no ninho.

Evaristo Almeida – Coordenador do Setorial de Transportes e Mobilidade Urbana do PT-SP

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