Quem sou eu

Minha foto
São Paulo, São Paulo, Brazil
O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Tarifa do Metrô de SP aumenta o dobro da inflação em 15 anos

Preço da passagem vai subir de R$ 2,65 para R$ 2,90 no domingo (13)



O preço da tarifa do Metrô de São Paulo subiu 263% desde 1996, considerando o aumento da passagem para R$ 2,90. O reajuste passa a valer a partir do próximo domingo (13). Nos últimos 15 anos, a inflação medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) foi de 131%.


Em 1996, a tarifa era de R$ 0,80. Se a inflação fosse seguida, o preço hoje estaria em R$ 1,84.

A R$ 2,90, a tarifa passa a ser a segunda mais cara do Brasil. Em Brasília, a passagem custa R$ 3 nos dias de semana e R$ 2 nos fins de semana e feriados.

O índice da Fipe é sempre mencionado pelo Metrô como uma referência. O índice de 2010 fechou em 6,4%. O reajuste do Metrô neste ano foi maior, de 9%. Entretanto, a diferença entre os reajustes do Metrô e a inflação vem diminuindo. A comparação de dez anos mostra uma diferença de 30% a mais no aumento do Metrô. De cinco anos para cá, a tarifa e o IPC têm praticamente o mesmo índice.

21% do salário mínimo

Um usuário que use o Metrô duas vezes por dia útil durante 22 dias no mês gastaria R$ 127,60. Esse valor representa 21% do salário mínimo de São Paulo, que é atualmente de R$ 560.

Segundo o especialista em transporte Horácio Figueira, o reajuste do Metrô não deve fazer com que diminuam os passageiros. Ele explicou que, hoje, as tarifas dos transportes metropolitanos estão todas atreladas. Uma vez que houve aumento no ônibus é necessário reajustar o Metrô e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) para manter o equilíbrio do sistema, afirmou Figueira. Os trens da CPTM também vão subir de R$ 2,65 para R$ 2,90.


- Se o Metrô fica mais barato, há uma migração de passageiros. Além disso, existe uma conta muito complexa para dividir o valor da integração que não permite que haja muita diferenciação. É como um dominó. Se um transporte aumenta, o outro vai ter que aumentar também.

Novos preços

Além do aumento na passagem unitária do Metrô, haverá reajuste também de outras tarifas. O bilhete unitário da Linha 5-Lilás (que opera atualmente entre Capão Redondo e Largo Treze, em Santo Amaro) custará R$ 2,80.

O bilhete Madrugador Exclusivo (válido das 4h40 às 6h15 no Metrô e das 4h às 5h35 na CPTM), que custava R$ 2,40, será comercializado a R$ 2,50. O Cartão Madrugador Integrado passará de R$ 4,11 (desde a majoração dos ônibus municipais da capital, em 5 de janeiro) para R$ 4,21.

Os cartões Bilhete Único Integrado Comum e Vale-Transporte serão reajustados de R$ 4,29 para R$ 4,49.

Já o Cartão Lazer (BLA-M10), que custava R$ 22,30, será comercializado a R$ 23,50. O Cartão Fidelidade M8 passará de R$ 20,30 para R$ 21,50; o M20, de R$ 48,70 para R$ 51,40 ; e o M50, de R$ 116,50 para R$ 123.

De acordo com a secretaria, a atualização dos preços "leva em consideração o equilíbrio econômico-financeiro da CPTM e do Metrô". No caso da CPTM, "há subsídio governamental para possibilitar que a população de renda mais baixa e moradora em áreas mais distantes do centro não seja penalizada com um custo maior dos deslocamentos".


Metrô precisa aumentar ritmo de expansão de linhas em 11 vezes para atingir meta de 284 km de trilhos



São Paulo constrói média de 1,9 km de trilhos por ano desde 1974


Se mantido o ritmo histórico de construção do metrô em São Paulo, a meta anunciada pelo PSDB em 1999 (durante o governo Mário Covas) de atingir 284 km de malha metroviária até 2020 só será alcançada mais de um século depois. Desde 1974, quando o Metrô paulista começou a operar, a média de construção é de 1,9 km de novos trilhos por ano. Caso esse ritmo continue, São Paulo irá atingir a meta tucana apenas no ano de 2132.


Atualmente, a capital paulista ocupa o 39º lugar no ranking de extensão das linhas de metrô do mundo, com 69,7 km de trilhos. Nesse total está incluída a linha 4-Amarela, inaugurada em maio deste ano sem todas as estações concluídas.

Se atingisse hoje a meta de 284 km de trilhos, a cidade de São Paulo empataria com Madri (capital da Espanha) em sétimo lugar no ranking mundial. Porém, para chegar a essa quilometragem, o Estado (responsável pelo Metrô) teria que trabalhar em um ritmo 11 vezes maior que o atual, implantando 21,4 km de trilhos por ano. Esse ritmo de expansão se aproxima do de Xangai (China), que estreou seu sistema de metrô em 1995 e, atualmente, conta com 420 km de metrô, uma expansão de 28 km/ano. Porém, considerando as cidades que passaram a ter metrô a partir dos anos 70, São Paulo tem a implementação mais lenta do mundo.

A meta de 284 km de metrô até 2020 foi estipulada no Pitu (Programa Integrado de Transportes Urbanos), criado em 1999 durante o governo de Mário Covas (PSDB), e ainda vigente no planejamento do governo do Estado, como consta no site da Secretaria de Transportes Metropolitanos. Cálculos da bancada de oposição ao governo na Assembleia Legislativa mostram uma realidade ainda mais diferente do Pitu: nos últimos oito anos, o Metrô diminuiu a média de expansão para 1,6 km de trilhos por ano.

Prioridade

Especialistas ouvidos pelo R7 disseram ser difícil, mas não impossível, chegar à meta de 284 km de trilhos do Metrô paulista. O engenheiro e ex-secretário de Transportes do Estado Adriano Murgel Branco diz que o poder público historicamente não vê o desenvolvimento do metrô como uma prioridade.


– A razão é muito simples: um político começa a obra, mas quem termina e inaugura é outro.

O engenheiro e consultor de trânsito Telmo Giolito Porto afirma que é possível alcançar a meta em uma década com a construção de 20 km anualmente. Mas, segundo ele, a cidade não precisa mais dessa rede.

– Se construir 10 km por ano e fizer uma melhoria geral na CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos], já vai poder resolver parte do problema da mobilidade urbana da região.

Tanto Branco quanto Porto apontam que reformar os trens de superfície da cidade (CPTM), deixando-os com a mesma qualidade do Metrô, seria mais rápido e barato do que construir a malha restante da meta. Essa mudança, de acordo com os especialistas, seria importante para resolver grande parte do problema do trânsito em São Paulo. Melhorias como ampliação da velocidade, aumento na frequência dos trens e do conforto atrairiam mais usuários para o transporte.

A reportagem do R7 entrou em contato com a Secretaria de Transportes Metropolitanos e com a do Metrô sobre o assunto, mas até a publicação desta notícia não recebeu resposta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário