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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Serra passa de vidraça a estilingue

Ontem, a Folha de São Paulo publicou matéria mostrando o elevado grau de deterioração das rodovias estaduais e vicinais em São Paulo. O alvo dessa matéria é o ex-governador José Serra, responsável pela situação, detectada no período 2007-2010.

O T1 publicou essa matéria e uma análise de minha autoria em que mostro que as rodovias de São Paulo são as melhores e as piores do país. As melhores, aquelas que o usuário paga elevado pedágio. As piores, aquelas de responsabilidade do governo do estado.

Em vez de defender-se das acusações do TCE-SP, ou mostrar que a matéria é falsa, o agora candidato José Serra trocou a camisa de vidraça pela de estilingue (atiradeira para os cariocas), atacando o governo federal, com crítica ao estado de conservação das estradas federais, especialmente em Minas.

Serra não leu a última pesquisa rodoviária da CNT (2009).

A pesquisa, realizada em 2009 e divulgada em 28/10/09 (clique aqui para ler o Relatório Gerencial da pesquisa), mostra o seguinte quadro, em relação aos 87.552 quilômetros avaliados:


Pavimentação (págs. 32 a 35, do Relatório Gerencial):

■94,3% não apresentam buracos (87,1% em 2007);
■A condição do pavimento não obriga a redução de velocidade em 95,3% da malha (86,4% em 2007);
■83,3% dos pavimentos dos acostamentos estão em boas condições (73,2% em 2007);
■Em 2007, 94,4% dos pavimentos não apresentavam pontos críticos. Em 2009, não foi feita essa avaliação.
Obs.: A CNT não fez a pesquisa em 2008, daí compararmos com 2007

Sinalização (págs. 36 a 44):

■Pinturas das faixas centrais com boa visibilidade: 75,4%
■Pinturas das faixas laterais com boa visibilidade: 64,3%
■Placas existentes de sinalização de limites de velocidade: 70,2%
■Placas existentes de indicação: 68,5%
■Visibilidade das placas: 73,4%
■Legibilidade total das placas: 64,8%
Considerando apenas os números relativos à pavimentação e à sinalização, a pesquisa CNT 2009 mostra que a malha rodoviária nacional (federal e estaduais, concedidas e com operação estatal) melhorou muito nos últimos anos. Graças aos elevados investimentos realizados pelo governo federal, pelas concessionárias e pelos governos estaduais, via recursos próprios e via repasses da CIDE.

Serra também critica a utilização da CIDE, esquecendo que o Estado de São Paulo é o principal beneficiado pelo repasse dos 29% do que a União arrecada com a CIDE. Os números e os fatos mencionados pelo candidato, em relação à CIDE são falsos. O governo federal, desde 2006, vem investindo na malha rodoviária muito mais do que arrecada com a CIDE.

Como a malha rodoviária nacional melhorou muito, e como o modal rodoviário é o de maior participação na matriz de transporte de cargas, foi possível ao Brasil crescer significativamente, de 2002 para cá. Fundamentaremos a seguir o que estamos afirmando neste parágrafo.

A partir de 2002, a corrente de comércio exterior quase triplicou, passando de cerca de US$ 100 bilhões em 2002 para cerca de US$ 280 bilhões em 2007. A quantidade de contêineres (cargas de maior valor agregado) aumentou 2,5 vezes, passando de cerca de dois milhões, em 2002, para cerca de cinco milhões, em 2007.

Essas cargas chegaram aos portos, em grande parte, através de caminhões e trens. Se houve esse crescimento, em apenas cinco anos, significa que as exportações e importações fluíram e tinham custos logísticos adequados para se tornarem competitivos e atraentes, ainda que possam ser menores, no futuro.

Serra também procurou relacionar a situação crítica das estradas (que é falso, segundo a pesquisa da CNT) com aumento dos acidentes.

Quanto a relacionar acidentes com situação precária das estradas, o candidato deveria ler a pesquisa do IPEA sobre custos de acidentes rodoviários, realizadas pelo órgão, em parceria com o Denatran e execução da UnB. Essa pesquisa, publicada em 2006, diz duas coisas importantes, que desmontam essa tese:


■As rodovias estaduais de São Paulo são consideradas as melhores do país. Entretanto, lideram o ranking de custo anual de acidentes, com R$ 3,3 bilhões.
■Grande parte dos acidentes fatais em rodovias ocorrem durante o dia, com boa luminosidade, sem chuva ou nevoeiro, em retas e em pisos com boa qualidade.
Enfim, Serra defendeu-se atacando, mas a realidade está à vista de todos e todas e retornará na Pesquisa Rodoviária da CNT, a ser divulgada em breve.

José Augusto Valente - Diretor Técnico do T1
http://www.agenciat1.com.br/1905-serra-passa-de-vidraca-a-estilingue/

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